Mulheres têm grandes lutas pela frente

Apesar de serem a maioria da população brasileira, as mulheres ainda estão sub-representadas nos espaços de poder e em diversos outros.

Na política, por exemplo, onde são definidas leis inclusive que dizem respeito a sua vida, elas são absoluta minoria. Nas últimas eleições, apesar do aumento do número de candidatas mulheres para cargos eletivos, apenas 302 mulheres conseguiram se eleger, enquanto os homens foram 1.394.

Essa condição, diz o DIEESE no documento “As dificuldades das mulheres chefes de família no Mercado de trabalho” inviabiliza as pautas temáticas sobre gênero, dificultando mudanças. Uma situação que não deve mudar se não forem criadas condições objetivas de participação feminina em todos os espaços de atuação, que levem em conta horários e a vida familiar, a maternidade, sem que as mulheres sejam obrigadas a escolher entre carreira, política ou família.

O FANTASMA DA VIOLÊNCIA

Um outro fantasma que assombra diuturnamente as mulheres é a violência. Dados da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontam que mais de 18 milhões de mulheres sofreram violência no Brasil em 2022, o equivale a um estádio de futebol com capacidade para 50 mil pessoas lotado todos os dias. O estudo mostra que em comparação com 2021, todas as formas de violência tiveram aumento ano passado.

Entre as formas de violência mais frequentes sofridas por elas foram as ofensas verbais, perseguição, ameaças de violência física, ofensas sexuais, espancamento ou tentativa de estrangulamento, ameaça com faca ou arma de fogo, lesão provocada por algum objeto que foi atirado nelas, esfaqueamento ou tiro. Para as mulheres negras, a situação é anda pior. São elas as principais vítimas, revelou a pesquisa.

O autor da violência é conhecido da vítima na maior parte dos casos (73,7%), mostrando que o lugar menos seguro para as mulheres é a própria casa (53,8% relataram que o episódio mais grave de agressão dos últimos 12 meses aconteceu dentro de casa). Mas a rua e o ambiente de trabalho não ficam de fora deste espaço de violência, mesmo que em proporções menores.

ASSÉDIO SEXUAL

A pesquisa também aponta que 46,7% das brasileiras sofreram assédio sexual em 2022. Foram cantadas e comentários desrespeitosos na rua ou no ambiente de trabalho, foram assediadas fisicamente no transporte público ou abordadas de maneira agressiva em uma festa.

DISCRIMINAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

Além da casa e das ruas, as mulheres também sofrem algum tipo de violência e/ou discriminação no ambiente de trabalho, a maioria relacionada à falta de equidade de gênero. Elas representam 44% da força de trabalho, mas são a maioria entre os desempregados, e muitas delas estão em situação de desalento.

Em termos salariais, as mulheres ganharam, em média, 21% a menos do que os homens para as mesmas funções, o que impacta nas famílias, já que a maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres. Dos 75 milhões de lares, 50,8% tinham liderança feminina e foi exatamente nos lares monoparentais chefiados por mulheres que houve a menor renda (cerca de R$ 789,99 per/capita).

Os números mostram a realidade: um contingente de mulheres que ganha menos se insere de forma precária e leva mais tempo em busca de colocação no mercado de trabalho. Esse quadro faz com seja perpetuada a situação de vulnerabilidade não só da mulher chefe de família, mas de todos os familiares, com a transferência de milhares de crianças e jovens da escola para o mercado de trabalho, para que contribuam com a renda da família.

RETROCESSOS

Os últimos anos foram de retrocessos. A Reforma trabalhista, por exemplo, prejudicou fortemente as mulheres trabalhadoras. Houve cortes importantes nas políticas capazes de garantir emprego, saúde e até mesmo a vida das mulheres.

A caminhada das mulheres por valorização e respeito tem sido longa. Importantes conquistas foram alcançadas como resultado das suas lutas. Mas ainda há um longo percurso até a equidade. E ele passa por refazer pactos, reforçar políticas transversais de igualdade de gênero, garantir igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, reduzir a desigualdade econômica e aumentar o número de mulheres em posição de liderança e nos espaços de poder, entre outras ações.

Neste dia da Mulher, não queremos flores, queremos respeito!

Assessoria de Comunicação

07/03/2023 21:08:29