Vendida última unidade produtiva da OI. O Brasil e os brasileiros saem perdendo

Na quarta-feira (7), os trabalhadores vivenciaram mais um capítulo da trágica novela da Oi, quando em leilão, a Globonet e o Banco BTG Pactual (junto com outros fundos de investimentos geridos e controlados por sociedade integrantes do grupo BTG), ofereceram R$ 12,9 bilhões pelo controle da InfraCo, a última das quatro unidades resultado do fatiamento da empresa que não havia sido vendida. Ao contrário da venda das outras “fatias”, nas quais o grupo Oi liquidou 100% do patrimônio ativo, inclusive bens reversíveis, na InfraCo a Oi manteve apenas uma pequena fatia patrimonial minoritária de 49% das ações ordinárias.

O negócio foi homologado pela 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, já que a empresa está em processo de recuperação judicial e não houve outras ofertas.

O BTG Pactual desembolsará R$ 9,786 bilhões por 51% das ações da InfraCo. Os R$ 3,137 bilhões restantes serão pagos em até 90 dias do fechamento do negócio. Importante lembrar que o BTG Pactual teve entre seus fundadores o atual ministro da economia, Paulo Guedes, que nunca escondeu sua clara intenção de sempre privilegiar os bancos privados em detrimento dos interesses do país.

Em vez de recuperação, tudo para facilitar a venda

Para a facilitar a venda, a Oi dividiu sua estrutura em quatro unidades produtivas isoladas (UPIs): Ativos Móveis, Torres, Data Center e InfraCo.

A mais valiosa, a UPI Ativos móveis, teve contrato de venda assinado em janeiro deste ano com as compradoras Claro, Telefônica e Tim, que pagaram R$ 16,5 bilhões pelo negócio, dos quais R$ 756 milhões são referentes a serviços de transição a serem prestados pela Oi em até 12 meses.

A UPI de data center foi vendida à Piemonte Holding por R$ 325 milhões e a UPI Torres foi adquirida pela Highline por R$ 1,076 bilhão.

A Oi já foi a maior concessionária de telecomunicações do país, com a maior infraestrutura de comunicações. Dos cerca de 5 mil municípios do país, mais de 3 mil dependiam exclusivamente da estrutura da Oi que tinha compromisso com a universalização. Sua história é um quadro acabado do quanto o poder econômico privado pode se sobrepor aos interesses do Estado brasileiro, dependendo do projeto político econômico do país, como foi no período de FHC e agora. 

E os trabalhadores?

O SINTTEL-RS, assim como tem feito sistematicamente, alerta mais uma vez, para a falta de qualquer comprometimento nas negociações com os trabalhadores, quer estejam na ativa ou já aposentados, uma vez que nas negociações não há definição quanto a manutenção dos postos de trabalho ou em relação ao plano de previdência.

No termo de aditamento, conforme já denunciado pelo Sindicato e pelo GINP, os compradores estão livres de qualquer tipo de responsabilidade social. O que foi vendido da Oi foi um importante patrimônio que garantia as aposentadorias.

As consequências desta reestruturação do capital na Oi, já estão acontecendo na vida dos trabalhadores da ativa (diretos e terceiros) e aposentados, com milhares de demissões e nos vários planos de previdência complementar de benefícios nos fundos de pensão, a exemplo do TCSPREV, na Fundação Atlântico.

O Sindicato, em conjunto com as demais entidades que representam os trabalhadores da ativa e aposentados, estará atento e atuando para preservar os empregos e os direitos de todos.

Assessoria de Comunicação

08/07/2021 15:06:21